quinta-feira, 1 de outubro de 2015

SAGA


    Saga é a melhor HQ da atualidade. Não sou só eu que penso assim, publicada mensalmente pela Image Comics, já ganhou o Eisner Awards (o Oscar dos quadrinhos norte americanos) de melhor série por três anos seguidos, o mais recente tendo sido entregue na San Diego Comic-Con desse ano.
    Concebida da imaginação do roteirista Brian K. Vaughan (autor de Fugitivos e Y: O Último Homem) e do belíssimo traço de Fiona Staples, Saga, ao melhor estilo Space Opera, conta a história de Alana e Marko, seres de raças alienígenas distintas, que veem seus respectivos planetas em guerra entre si. Eles se apaixonam. Eles tem uma filha. Eles tem que fugir pra poder criar sua filha. A partir daí a história vai se desenrolando de foma incrível, cheia de personagens cativantes e inusitados.
    Influências básicas são Star Wars (espaço, guerra dãã) e Romeu e Julieta (amor impossível entre rivais), mas é tudo tão moderno e atual, como o pano de fundo da guerra entre os planetas, disputas políticas, importância da imprensa/mídia na influência que exerce nas pessoas, trata abertamente questões de preconceito de gênero, consumo de drogas, exploração infantil, etc, sem soar piegas, uma marca registrada nos trabalhos anteriores de Vaughan.
     Um aspecto interessante na narrativa é que apesar dos dois serem o foco principal, outros personagens ganham destaque. A filha recém nascida, Hazel, por vezes assume a narrativa como se estivesse contando memórias de infância ou histórias que ouviu de seus país. O anti-herói "O Querer", caçador de recompensas contratado para seguir o casal, é tão legal que você quer que ele tenha sucesso, embora não queira que os protagonistas sejam pegos. É como se o Boba Fett tirasse o capacete e realmente merecesse todo o hype que tem. Até o animal de estimação dele é legal. Outro personagem que nos surpreende é o Príncipe Robô que começa como apenas um antagonista, mas que vai ganhando destaque, até inesperado. Esses tons de cinza dos personagens levam a comparações de Saga com Game of Thrones, devido a complexidade de seus personagens, não existe bem ou mal, existe pontos de vista diferentes e cada um tentando seguir sua vida. Outro ponto de semelhança com Game of Thrones, é a presença maciça de personagens femininas fortes, partindo de Alana, passando pela babá da Hazel, a Vó de Hazel (mãe do Marko), ex-namorada do Marko, a namorada do Querer, a irmã do Querer, a garotinha resgatada pelo Querer... enfim, cada uma do seu jeito, sem serem hiper-sensualizadas ou masculinizadas, sabe tratadas como qualquer outro ser humano comum (parece até óbvio dizer isso mas infelizmente não é sempre que isso acontece, acredite). Fora o fato de ser uma mulher a desenhista da série, numa indústria amplamente dominada por homens, mas que aos pouquinhos vai se modificando. Por isso Saga é tão importante e vem a cada ano recebendo o merecido reconhecimento.
     Saga teve uma edição encadernada que contempla o primeiro arco da história, das edições 1 à 6 originalmente, publicada no Brasil pela Devir (que só deus sabe quando vai publicar o volume 2).

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