segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Longe do Reino





Faz um tempão que to ensaiando pra falar sobre esta websérie. Dois amigos, saem de um Reino (conhecido só como Reino mesmo) distante, e vão parar no Rio de Janeiro. Don Leon e Sir Bryan tem que se adaptar a esse novo jeito de viver: sem magia, sem mordomias e com toda a tecnologia dos tempos atuais. Eles vivem no castelo (Castelinho do Flamengo, no Rio, é aberto para visitação inclusive) locado pela Lady Guilhermina, grande paixão de Don Leon. Com várias participações especiais e com episódios bem curtinhos, no estilo de esquetes, a série vai cativando, pela sua simplicidade, criatividade e claro, bom humor.

Deixo aqui a playlist com todos os episódios publicados até agora:


Neste outro vídeo o elenco e a equipe de produção mostram os bastidores da série:


O ator Bryan Ruffo, junto com sua esposa Natalia Milano tem o canal no youtube, 'Filme da Hora', onde falam sobre filmes e séries (tive o prazer de conhecê-los no dia do ESQUENTA PARA STAR WARS), e no último vídeo eles convidaram Leandro Soares, que interpreta Don Leon, e foi um dos idealizadores do projeto, além de ser um dos roteirista, juntamente com Bryan e a Natalia. Assiste ai:


Bom, eu sempre gostei de fantasia, coisas medievais, e todas as referências que eles citam são excelentes e eu adoro, então sou suspeito pra falar. Mas de uma chance pra esta websérie brasileira, um projeto super legal, que merece vida longa e porque não, quem sabe, se estender nas telonas do cinema!

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Esquenta para Star Wars - O Despertar da Força



Não tem Regina Casé nesse esquenta, mas o pessoal do Nerd Rabugento, do Canal da Haru, do Filme Da Hora e do Setcetera gravaram uma série de 4 programinhas falando sobre Star Wars em preparação ao novo filme, Despertar da Força. Esse papo aconteceu no Youtube Space de São Paulo e eu estava lá como platéia (reza a lenda que apareço em algum lugar ai em alguma hora)

Primeira Parte:

Segunda Parte:

Terceira Parte:

Quarta Parte:


Se você gostou, curta e compartilhe os vídeos e se inscreva nos canais!!!

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Super Science Friends!





Você gosta de história?? De ciência?? De desenho animado?? Então Super Science Friends foi feito pra você!! Produzido pelos canadenses do Tinman Creative Studios, este projeto foi financiado através da uma campanha de crowdfunding  no kickstarter. A trama gira em torno de grandes cientistas da humanidade: Einstein, Darwin, Marie Curie, Tesla, Freud e Taputti (seus super poderes são relacionados à suas descobertas científicas). Juntos eles viajam no tempo e combatem nazistas e qualquer outra ameaça, melhor que explicar é assistir:



É muito divertido!!! Mas além de entreter, outra proposta da série é fazer as pessoas se interessarem por estas pessoas na vida real e seus grandes feitos que contribuiram tanto para humanidade. Aqui nesta playlist você pode ver um pouco do processo de desenvolvimento da animação: Link mágico.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Joana Aninha

Eu e a minha talentosíssima namorada Luana (que aliás deu uma repaginada no visual do blog, falta só ajustar alguns detalhes mas ficou lindão hein?) criamos a algum tempo atrás, uma personagem chamada Joana Aninha. Ela desenha e eu escrevo as peripécias desta menina cheia de imaginação. Vamos tentar atualizar sempre que der com tirinhas novas, algumas já estão no facebook e vou postá-las aqui com um plus: os rascunhos que faço no paint das idéias que eu tenho.

Joana Aninha #1 - feito a mão, com fundo em aquarela. O nome ainda era todo junto.

Esse é meu esboço no paint... HAHAHAHHA no final usei um rascunho da menina Joana que a Luana já havia feito anteriormente.
Semana que vem tem mais, vai ser legal pra ver a evolução do traço e das idéias. De brinde da primeira postagem da Joana Aninha, vai uma mensagem motivacional dela:
Aqui seria uma versão um pouco mais velha da Joana, e uma ótima possibilidade pro McDonald's nos patrocinar #fikdik

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Capivara Jorge

 


   Hoje vou postar uma pequena parte de um projeto um pouco mais ambicioso que eu tenho a algum tempo. É a história do Jorge, uma capivara. Isso mesmo. Levemente inspirado neste caso aqui. Melhor que tentar explicar é deixar vocês lerem:


Prólogo

      Uma ventania trazia as ondas ao seu encontro. A brisa salgada do mar lavava suas lágrimas, estas, que pensava já estarem adormecidas depois de tanto tempo sem aflorarem em seus olhos. Diferente de outras vezes, ele as deixou rolarem por seu rosto, já não havia motivo para escondê-las. Sentia como se a areia já penetrasse em sua carne depois de tanto tempo parado ali, apenas a observar a imensidão do mar. Seria esse seu único caminho? Uma vez ou outra passava um barco distante em que se imaginava indo embora e deixando tudo para trás, mas grande seria seu engano se achasse que conseguiria deixar tudo que aconteceu pra trás.
     O assovio do vento ao se chocar com as pedras costeiras era a trilha sonora de suas memórias, que passavam apenas como flashes borrados em sua mente, não tinha mais certeza do que era real ou não, tudo parecia tão estranho, como se outro estive em seu lugar e ele apenas contemplasse os fatos. A única coisa que sentia ser concreta eram as palavras escritas no papel que ainda guardava junto a si, nada lhe doía mais o peito do que lê-las e relê-las e mesmo assim se agarrava a elas como sendo uma âncora para a realidade, pois a dor era real.
     O lusco fusco havia chegado para lembrar-lhe de tempos de outrora, que em outra circunstância poderia ter feito aparecer um sorriso tímido em seus lábios, mas que ali apenas acentuavam sua perda de fé, de que nada mais seria como antes. Neste momento lembrou-se da primeira vez que a havia visto: grandes olhos castanhos, brilhantes, um sorriso contagiante, sincero, nada de mal existia ali, nada de mal...
     Seus passos o haviam levado cada vez mais pra dentro do mar sem ele perceber, agora as ondas quebravam acima dos seus joelhos e salpicavam seu rosto, confundindo-se com suas lágrimas. A noite foi chegando sem ser convidada e trouxe consigo o brilho de algumas estrelas. Havia muito tempo não olhava para o céu estrelado, então depois de contemplar as poucas estrelas já dispostas no céu, como se algum artista ainda preparasse a tela para uma grande pintura, fechou os olhos para se assegurar que havia registrado bem aquela imagem em sua mente, poderia ser a última vez que o fazia. Naquele momento algo estranho aconteceu.
    Antes mesmo de abrir os olhos já havia percebido um clarão descomunal e ao abri-los foi como ver uma das estrelas que acabará de olhar cair em sua direção. Sentiu seu corpo ser jogado pra trás e cair de costas no mar. No meio do susto engoliu um pouco e água e com sua cabeça imergida não conseguiu distinguir o que acontecia na superfície. Ouviu um grito, algo se aproximava, de repente sentiu um puxão e foi tirado de baixo d’água, conseguia ver apenas a silhueta da criatura contra a luz, quando as palavras ecoaram em seus ouvidos:

-                 - Never gonna give you up! Never gonna let you down! Never gonna run around and desert you!

        



Esse foi só um trechinho, só pra dar aquela água na boca etc...




quinta-feira, 1 de outubro de 2015

SAGA


    Saga é a melhor HQ da atualidade. Não sou só eu que penso assim, publicada mensalmente pela Image Comics, já ganhou o Eisner Awards (o Oscar dos quadrinhos norte americanos) de melhor série por três anos seguidos, o mais recente tendo sido entregue na San Diego Comic-Con desse ano.
    Concebida da imaginação do roteirista Brian K. Vaughan (autor de Fugitivos e Y: O Último Homem) e do belíssimo traço de Fiona Staples, Saga, ao melhor estilo Space Opera, conta a história de Alana e Marko, seres de raças alienígenas distintas, que veem seus respectivos planetas em guerra entre si. Eles se apaixonam. Eles tem uma filha. Eles tem que fugir pra poder criar sua filha. A partir daí a história vai se desenrolando de foma incrível, cheia de personagens cativantes e inusitados.
    Influências básicas são Star Wars (espaço, guerra dãã) e Romeu e Julieta (amor impossível entre rivais), mas é tudo tão moderno e atual, como o pano de fundo da guerra entre os planetas, disputas políticas, importância da imprensa/mídia na influência que exerce nas pessoas, trata abertamente questões de preconceito de gênero, consumo de drogas, exploração infantil, etc, sem soar piegas, uma marca registrada nos trabalhos anteriores de Vaughan.
     Um aspecto interessante na narrativa é que apesar dos dois serem o foco principal, outros personagens ganham destaque. A filha recém nascida, Hazel, por vezes assume a narrativa como se estivesse contando memórias de infância ou histórias que ouviu de seus país. O anti-herói "O Querer", caçador de recompensas contratado para seguir o casal, é tão legal que você quer que ele tenha sucesso, embora não queira que os protagonistas sejam pegos. É como se o Boba Fett tirasse o capacete e realmente merecesse todo o hype que tem. Até o animal de estimação dele é legal. Outro personagem que nos surpreende é o Príncipe Robô que começa como apenas um antagonista, mas que vai ganhando destaque, até inesperado. Esses tons de cinza dos personagens levam a comparações de Saga com Game of Thrones, devido a complexidade de seus personagens, não existe bem ou mal, existe pontos de vista diferentes e cada um tentando seguir sua vida. Outro ponto de semelhança com Game of Thrones, é a presença maciça de personagens femininas fortes, partindo de Alana, passando pela babá da Hazel, a Vó de Hazel (mãe do Marko), ex-namorada do Marko, a namorada do Querer, a irmã do Querer, a garotinha resgatada pelo Querer... enfim, cada uma do seu jeito, sem serem hiper-sensualizadas ou masculinizadas, sabe tratadas como qualquer outro ser humano comum (parece até óbvio dizer isso mas infelizmente não é sempre que isso acontece, acredite). Fora o fato de ser uma mulher a desenhista da série, numa indústria amplamente dominada por homens, mas que aos pouquinhos vai se modificando. Por isso Saga é tão importante e vem a cada ano recebendo o merecido reconhecimento.
     Saga teve uma edição encadernada que contempla o primeiro arco da história, das edições 1 à 6 originalmente, publicada no Brasil pela Devir (que só deus sabe quando vai publicar o volume 2).

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Questão de Tempo


    Questão de Tempo (About Time, 2013) foi um filme visto por mim sem muitas pretensões. Tu tá lá na fossa e decide ver aquele romance água com açúcar, pra cair dentro do limbo que é a autopiedade. Digo de antemão que não gosto desse tipo de filme, salvo raríssimas exceções, mas o que me chamou a atenção aqui não foi o romancezinho barato pra passar o tempo, ou o carisma dos atores, mas um ponto chave da trama que me fez querer ver o filme: viagem no tempo.
    O nosso protagonista,  Tim (Domhnall Gleeson), é informado por seu pai (Bill Nighy), que os homens de sua família tem a habilidade de voltar no tempo. Entre num lugar escuro e vazio (banheiro, armário, etc) da um concentrada lá e pronto, você pode voltar a qualquer ponto da sua própria vida. Não, ele não pode ir ver os dinossauros, ele não pode matar o Hitler, não pode saber como será o seu futuro. Só o passado, onde ele estava. Simples assim, mas não menos interessante. Já pensou poder voltar ~aquele~ dia especial, ou voltar pra aquela discussão que finalmente você tem uma boa resposta à altura? Seria ótimo, mas Tim aprende que nem sempre é fácil lidar com esse tipo de coisa. Voltar no tempo e falar com aquela menina que você gosta, de sei lá quantas maneiras diferentes, não vai fazer ela gostar de você se ela NÃO gostar de você, ponto final.
     No começo, Tim pouco se utiliza desse recurso na sua jornada rumo a "vida adulta", até claro, a mocinha do filme, Mary (Rachel McAdams) entrar em cena. Até ai tudo bem, o filme ainda parece só mais um desses filmes românticos boy meets girl, etc, etc. Fica legal mesmo quando ele tem que lidar com as decisões morais de quando voltar no tempo. Ajudar o amigo ou conquistar a garota? Ajudar a irmã ou manter a mesma família? Cada escolha feita é algo que se deixa para trás também. Mas diferente de um Efeito Borboleta da vida, não existem mudanças tão drásticas ou catastróficas (muito bom pra quem tá na fossa e ~num guenta o baque) já que estamos falando de um filme mais light.
    Outro ponto a se destacar é a relação de Tim com seu pai,  por ter o mesmo dom, sabe como é viver deste jeito, e mesmo ele já tendo passado por todo o tipo de experiência, ele deixa Tim seguir os próprios passos, cometer seus próprios erros, viver sua própria vida.
    Sem entrar muito em detalhes da história, o filme no final mostra que o mais importante da vida é vivê-la da melhor maneira possível, uma sensação de ~good vibes~ reverbera quando os créditos sobem na tela. Um filme simples, que não exagera nem no romance, nem na comédia, nem no drama, mas que deixa estampado ao final aquele sorriso sincero, que provavelmente não vai mudar sua vida, mas talvez ajude a vê-la de outra forma.

P.S.: O diretor do filme também é responsável pelo MELHOR episódio do Doctor Who de todos os tempos. Não vou dizer qual é assim tão fácil rs. Comenta ai se ficou curioso!

sábado, 29 de agosto de 2015

STAR WHEY

LEIA


Havia se passado algum tempo desde a grande vitória dos rebeldes sobre o império, o som das flautas bolivianas ewok ainda ressoavam na cabeça de Leia. Quantas vezes havia acordado durante a madrugada, suando frio ao lembra daquela terrível melodia, já tinha perdido as contas. Mas não era só isso que invadia seus pesadelos.

Os rebeldes foram vitoriosos ao destruir a maior arma já sonhada pelo torpe mente do imperador, mas o império ainda tinha seus focos de resistência. Seu irmão (recém descoberto) e o cafajeste que ela sabia que a amava tinham saído em missão para acabar com o que havia sobrado do domínio imperial. Ela teria ido junto mas seus compromissos como embaixadora não permitiram. Na verdade ela precisava ter ido junto. A ação afastaria a lembrança do planeta onde havia sido criada, Alderaan, que havia sido destruído... pelo próprio pai. Pai este que quase matou seu irmão e acabou com a galáxia. Era muita coisa com o que lidar.

Outra noite chegava, e isso assombrava Leia. Ela corria por um corredor escuro, lasers passavam por sua cabeça, nenhum chegava a acertá-la. Sabia que estava em uma nave imperial, olhou para trás, esperava ver um stormtrooper mas ao invés disso encarava um pequeno ewok. Respirou um pouco aliviada, os tiros cessaram, ela caminhou em direção ao pequenino ser. Quando se aproximou reparou nos olhos do ewok, eles cresciam cada vez mais, olhos vazios de sentimentos, opressores. Tudo começou a ficar maior, braços pernas, pelo, tudo crescia. Na sua frente, agora se encontrava  um velho conhecido wookie. Ela ficou feliz ao ver um rosto familiar e não exitou ao abraçá-lo. Sentia o calor dos pelos macios se transformarem em algo mais áspero ao seu toque. Antes que pudesse levantar o rosto para olhar, ouviu aquele som áspero, ruidoso. Inspirava e expirava. A sinfonia da morte.

Em meio a um grito despertou em sua cama.

Estava suada, levantou-se  de um pulo, sua respiração estava carregada, foi até o banheiro para lavar o rosto. Olhou-se no espelho, por um instante teve medo de não se reconhecer, mas era o mesmo rosto de sempre, embora nunca mais fosse igual.

Ao voltar para seu quarto teve um susto. Um pequeno ser orelhudo estava em cima de sua cama. Era translúcido, uma aura azul percorria seu corpo, e olhando para Leia disse:

- Leia Skywalker você é. Muito feliz estou em você conhecer.

- Que é você?? O que faz aqui?? Como entrou? - Leia olhava ao redor, procurando sua arma.

- Se acalmar você deve. Mestre Yoda eu sou.

- Yoda??? - Leia lembrava de ouvir seu irmão ter falado sobre o poderoso mestre Jedi que havia lhe ensinado os segredos da força, mas este já havia morrido. Seria que continuava sonhando? - Impossível. Yoda está morto.

- Não necessariamente acabada esta, a jornada de um Jedi após a morte. Poderosa a força é. Algum dia entenderá você, jovem Skywalker.

- Meu nome é Orgânica. Leia Orgânica.

- Orgânica diz você?

- Sim, cuido da minha alimentação. Só como coisas saudáveis.

- Isso não importar. Skywalker você nasceu, sangue de Jedi em você corre. Sangue de Jedi tem podeeeeeer...

- Eu sei, pare com isso! Luke me disse, mas eu não sou Jedi. Ele é o único que podia me ensinar como usar a força, mas anda muito ocupado...

- A força despertar de outra forma pode. Aqui, por isso estou.

- O senhor vai me treinar igual fez com o Luke? - Mais relaxada, Leia se sentou na sua cama para encarar mais de perto o mestre.

- Bagunça Jedi não ser. Como disse você, morto eu estou. Psicografar manual Jedi não pode você. Chico Xavier Jedi não era.

- Então estou confusa, como poderá me ajudar a despertar a força dentro de mim?

- Poder do Whey Protein usar você deve. Existia a muito tempo, Jedi muito poderoso. Stronda se chamava. Seu fim ninguém sabe. Achar o segredo do Whey sua missão é. Descobrir o que aconteceu com Stronda você deve. Assim, Jedi você se tornará. Muita força Whey te dará.

- Mas onde devo procurar??

- Se fácil fosse, com Jar Jar Binks falaria eu. A força dentro de você já existe, lembrar disso deve. Seguir seu instinto deve você. Muito tarde está. Regar plantinhas do meu pântano devo eu. - E dizendo isso, desapareceu no ar.

- Droga, esse era o Mestre Yoda mesmo ou será que era o Mestre dos Magos??

Leia ainda estava um pouco confusa, mas sabia exatamente o que precisava fazer para encontrar o Whey, e despertar sua força. Iria começar a frequentar a academia! Mas só na semana que vem. Ou na próxima. Ou ma próxima após aquela.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Vingadores: A era de Ultranmmmmmmm MA OE!




*ritmoooooo, é ritmo de festaaaaa*

- Maaaa oooee, boa tarde auditório, minhas colegas de trabalho, agora vamos receber aqui um rapaz que dizem que é muito rápido, ele quer um lugar ali na nossa bancada, vamos ver, vamos ver. Pode entrar: Pietro Maximoff, o Mercúrio!
AVUAAAASH
- OiSeuSilviotudobom?Vimcorrendoassimquemechamaram...
- Maaas ca-calmaa! Fala devagar!
- Desculpa, Silvio. Estou muito neuvosour
- Arrraaae, mas me diga Pietro, de qual caravana você veio?
- Vim com a caravana da Sokovia, Silvio.
- E veio sozinho ou acompanhado?
- Trouxe minha irmã, Wanda - Mercúrio aponta pra primeira fileira da platéia.
Silvio arregala os olhos e diz:
- Essa é sua irmã?? No duro??? Muito bonita! Vem pra cá, vem pra cá você Wanda, vai pra lááá Pietro.
- Mas Silvio eu quero participar do programa!
- Você não é ai todo ligeirinho? Já tá bom de aparecer, Vai pra lá, vai pra láááá.
Silvio segura a mão de Wanda e conduz ela até a bancada:
- Sobe ai filha, você vai ficar no lugar da Helen Ganzaroli, a Maria Hill aqui do SBT, isso, pode sentar entre o Tony Stark e o Carlinhos Aguiar, eles não param de fofocar.
Levantando o tapa olho, ele dá uma última conferida na nova integrante da bancada.
- Olha, assim você pode até participar do Em Nome do Amor, com o nosso companheiro aqui o Capitão Américo, não arranja ninguém a uns 70 anos RÁRÁ HIHI, é ou não é auditório??

*ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ*

- Desculpa interromper Seu Silvio..
- QUEM TÁ INTERROMPENDO MEU PROGRA... - Silvio se vira pra ver quem o chamou e vê Bruce Banner - Opaa, é o RRRUQUI! Desculpa viu, fica nervoso não, esse estúdio é novo, quero manter ele inteiro.
- Tudo bem, só queria saber onde tá a Natasha.
- Aaaah ela tá ocupada fazendo campanha pra Jequiti *propaganda subliminar da Jequiti* mas a Mamma Bruschetta veio de cosplay de Viúva Negra, fica a vontade. Ela aguenta até com você verde MA OEEEEEE.
Ao lado do palco, surge Visão, Silvio se dirige a ele:
- Olha ai o rapaz que tá no lugar do Róqueeee. Pra quem não sabe o Roque morreu... maaaas calmaaa ca-calma, eu o ressuscitei e dei uma série de tv, tá felizão. Mas você é o Visão né? Tá carregando essa marreta ai pra que? Vai trabalhar em obra meu filho?
- Não senhor, isso pertence ao Thor.
- E cadê ele?
- Tá no Tentação ainda.
- Vai lá, leva essa marreta pra ele e trás ele aqui. Bom agora fiquem com o recadinho da Tele Sena com o Gavião Arqueiro, MA OEEE.

*RITMOOOO, É RITMO DE FESTAAAAAAAA*

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Testemunhem!




Mad Max: A estrada da Fúria, chega aos cinemas trinta anos depois de Além da Cúpula do Trovão (1985), terceiro filme da franquia, que foi iniciada em 1979. Nessa sequência/reboot (sequência pois continua a história de onde ela parou e reboot pois o elenco foi trocado) Tom Hardy assume o papel de Max Rockatansky. Seco, conciso e monossilábico, assume bem o legado de Mel Gibson, entretanto, quem rouba a cena é Charlize Theron.


Sua Imperatriz Furiosa É a protagonista, mesmo sem ter seu nome no título (motivo pelo qual c e r t a s pessoas ficaram chateadas). Ela, em meio as perseguições no deserto, explosões e tiros, brilha, mostrando força e determinação, mas sútil e emotiva quando necessário, e tudo isso com um braço a menos. Não que Max não tenha sua importância, mas ela é quem move a ação e o enredo, cabe ao Max apenas ajuda-lá, uma subversão dos valores patriarcais da sociedade, e isso é execelente. Furiosa não está sozinha, junto com ela tem várias outras moças (e senhoras rs) que ao seu modo, também são fortes nesse mundo insano.
Falando em insanidade, impossível não destacar Nux (Nicholas Hoult) como um dos Garotos de Guerra, que ao ter seu caminho cruzado por Max, muda seu destino (não literalmente, mas ideologicamente). Um personagem que podia ter ficado avulso e piegas, mas foi bem desenvolvido.


O ritmo alucinante faz com que as duas horas de filme passem voando. Quase não dá tempo de respirar. O enredo é bem simples, uma marca da franquia, mas o jeito que George Miller conduz as cenas, é de encher os olhos. Um balé em alta velocidade no meio do deserto pós-apocalíptico. Acrescente a tudo isso pitadas bem generosas de insanidade e questionamentos do rumo que a nossa sociedade atual segue, tornam o filme incrível.



P.S.: A rumores de que o próximo filme será rodado em São paulo, veja bem, tire o asfalto e substitua por areia, PRONTO! Vira Mad Max! Trânsito caótico e falta de água já temos.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Caçadores do Kikito perdido

Respeita o Fordão!




O suor escorria por sua testa, seus olhos estavam apenas concentrados no alvo a sua frente: um kikito dourado em cima de um pedestal, que se iluminava pelos feixes de luz que adentravam nessa parte da caverna. Sua mão segurava firmemente um pequeno saco de areia, sua respiração era intensa, ofegante. Tinha apenas uma chance de trocar o kikito pelo saco, sem ativar o mecanismo sob o qual tinha sido colocado, que iria ativar algum tipo de armadilha.
Esse tipo de lugar é propício a armadilhas, mal iluminado, úmido, fechado... e claro um ou outro esqueleto empalado em hastes que saiam das paredes, ajudava bastante a crer nisso.
Fez uma última estimativa de peso no saco, pegou um punhado de areia de dentro dele e jogou fora, respirou fundo. Colocou a mão levemente sobre o kikito, e com uma agilidade felina trocou o kikito de lugar com o saco. Ao ver que nada aconteceu, um suspiro de alívio substitui seu semblante fechado, mas sua alegria durou literalmente o tempo de um suspiro.
O saco de areia começou a afundar no pedestal, ativando o mecanismo da armadilha. No mesmo instante as paredes começaram a tremer e o teto a desmoronar. Com o kikito debaixo do braço, sendo besuntado de suor de seu sovaco, apertou bem o chapéu em sua cabeça e saiu correndo. Flechas eram disparadas de ambos os lados das paredes enquanto corria.
Conseguiu sair por um corredor estreito, continuou correndo ainda sentindo a vibração da estrutura de todo o lugar. Ao fazer uma curva quase caiu num fosso, fez um breque violento, quase deixando cair o kikito. Deu alguns passos pra trás, olhou pra frente, e foi neste instante que percebeu: a passagem a sua frente estava se fechando por uma massiva pedra retangular. Respirou fundo e correu para saltar, seus pés tocaram a ponta do solo do outro lado da beirada mas teve que se segurar nos cipós que desciam do teto para não voltar pra trás. A pedra ia descendo e estreitando cada vez mais sua passagem, retomando o equilíbrio deu um grande impulso pra frente e se jogou no chão, rolando pela fresta que restava.
- Ah finalmente... agora tá de boa, o pior já deve ter passado – levantou e bateu a poeira do corpo – e tudo isso por esse kikito, se ainda fosse o troféu imprensa eu até entendia...
O monólogo sem sentido do nosso protagonista é interrompido por um barulho vindo da parte superior do ambiente aonde uma imensa esfera vinha rolando em sua direção. A esfera por sua vez destoava um pouco do ambiente, sendo branca, feita de metal e já um pouco destruída. A única opção que tinha era correr, não havia espaço para se esconder.
Com o kikito firme em uma mão e segurando seu chapéu na cabeça com a outra, ele saiu desembestado com aquela grande esfera vindo em seu encalço. A saída estava próxima, a esfera também...
Com um último sprint chegou à saída e se jogou para o lado, a esfera passou logo em seguida e deu de encontro com uma rocha uns dois metros mais a frente e se espatifou. De dentro dela emergiu para a luz do dia uma lata de lixo branca com detalhes azuis, luzes piscando e fazendo barulhos engraçados. Parecia vindo de outra realidade que não a sua, nunca tinha visto algo daquele tipo.
Aproximou-se cuidadosamente daquela estranha lixeira. Ao chegar mais perto ela parou de fazer barulhos, quando ia tocá-lo com a ponta dos dedos, um holograma se materializou projetado da lixeira. Mais estranho que isso, foi no holograma aparecer uma mulher com um penteado de dois coques laterais, que pareciam grandes fones de ouvido, dizendo:
- Seu safado!! Achou que eu não ia te reconhecer só porque botou um chapéu e se sujou um pouquinho??? Aqui não é bagunça não, se não voltar a-go-ra vai ter que se entender com meu pai!! Se ele quiser, faz você casar A FORÇA!
- Mas eu não conheço vo...
- Não vem com esse papinho pra cima de mim!!! E devolve esse maldito kikito!! Ele pertence a Rainha Axux ,do planeta Soh Nixiab, se ela descobrir que você profanou o templo dela e roubou o kikito ela pousa com uma nave em chamas na sua cabeça.
- Não tô entendendo nada.. isso é algum tipo de gravação?
- Sim.
- Ah... então como você consegue me responder???
- Homens... em qualquer lugar da galáxia são sempre tão previsíveis...

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Entre mentes





Ao abrir os olhos, aquilo que parecia apenas sonho se tornou realidade. Era o primeiro ser humano a ter sua mente transplantada para um corpo  artificial. Havia passado anos estudando a arquitetura mental e como conseguiria replica-lá em uma máquina através de um download de informações. Todas as lembranças guardadas, as emoções vividas, seus desejos mais íntimos, tudo estava lá no seu novo corpo, corpo este projetado especialmente pra ele. Estava cansado de ser baixinho, raquítico, pálido, calvo, um tanto corcunda. Seu forte de fato era aquilo que outrora ocupava sua antiga caixa craniana. Seu novo corpo era alto, atlético, negro como azeviche, robusto e depois de tantos anos perdendo cabelo, agora ostentava um belo black power. Se sentia poderoso, podia fazer tudo que quisesse. Antigamente era desacreditado, ninguém o levava muito a sério ou lhe dava atenção, agora após seu sucesso, as pessoas lhe cumprimentavam, convidavam para jantares da gala, programas de televisão, etc e um dos tópicos que sempre o questionavam era se ele, era ele mesmo. Ninguém se preocupava com os métodos, apenas com resultado final. Foram feitos testes, uma longa conversa com sua mãe, seu pai, alguns pouco amigos próximos, incluindo sua assistente, que passava a maior parte do tempo com ele no laboratório. Certa madrugada, voltando de uma grande festa, onde havia bebido e comido muito bem, chegou em seu laboratório e se sentou em sua cadeira de rodinhas em frente ao computador. Na festa esteve em companhia de uma bela modelo e pegou o telefone de mais três, tirava os papéis do bolso e examinava-os a meia luz. Era como se o mundo finalmente se desse conta de sua existência. Então era assim que as pessoas normais viviam? Era isso que havia perdido por se dedicar tanto a sua pesquisa? Bom, iria aproveitar ao máximo. Olhando ao redor, todos aqueles anos de trabalho enfurnado ali tinham valido a pena. Em sua mesa um punhado de papéis estavam espalhados, algumas correspondências, convites, artigos seus publicados, etc. No meio da bagunça um porta retrato estava tombado, ao levanta-lo viu uma foto antiga de quando ele e sua assistente ainda eram bem jovens. Ver ali sua antiga imagem era repugnante. Aqueles óculos grossos, um sorriso com dentes tortos... agora cada vez que sorria os flash da câmeras captavam a brancura de um sorriso perfeito. Parou para notar sua assistente, fazia um tempo que não falava com ela, uma semana? Duas? Não tinha certeza. Ela havia começado a se comportar de maneira estranha desde que conseguiu trocar de corpo, recusava seus convites, pouco se falavam agora que tinha vários compromissos. Ouviu o barulho da chave na porta. Ela adentrou o aposento.

- Olá, Sara.

- Ai que susto! Não esperava te encontrar aqui a essa hora Ben.

- Pois é, eu vim direto da cobertura do Othon, você devia aceitar meus convites de vez em quando.

- Não gosto de me misturar com essas pessoas da alta sociedade e como eu disse um tempo atrás, hoje já tinha compromisso.

- Ah, deixe de bobeira, o que poderia ser mais importante do que se divertir, comer bem, estar envolvido com pessoas interessantes?

- Aniversário da minha mãe.

- Oh, bom eu me esqueci, você poderia ter me lembrado...

- Eu tentei mas você estava muito ocupado - Sara se virou e pegou uma caixa ao lado da porta.

- O que é isso tudo?

- Minhas coisas, estou indo embora.

- Mas como assim? Sem mais nem menos? Vindo na calada da noite, não ia me avisar? Se despedir?

- Bom da próxima vez que nos encontrarmos na rua você poderia tentar prestar mais atenção e não achar que sou apenas mais uma fã querendo seu autógrafo.

- Eu não lembr... quando? Me desculpe, me desculpe... minha vida está muito agitada, eu.. eu não te reconheci...

- Eu também não te reconheço mais.

- Aaah essa história de novo?! Já não tem todas as provas de que eu, sou eu? Tudo ocorreu perfeitamente na transferência! Você me ajudou, não acredita ainda?

- Muito pelo contrário Ben, tenho certeza que tudo funcionou corretamente, essa ai é sua mente, sem dúvidas, mas não se engane, você não é mais o mesmo - virou e saiu batendo a porta a suas costas.

domingo, 19 de abril de 2015

À Espera

Hoje era um dia especial, por isso acordou cedo. Lavou o rosto e vestiu roupas leves, queria correr pelo bosque para aliviar a tensão. Ao passar velozmente pelas árvores e arbustos, um borrão verde era criado nos seus olhos, o farfalhar das folhas invadia seus ouvidos, o cheiro do orvalho impregnava em suas narinas... mas na sua mente só havia ela.

Lembrou de segunda, quando sentado no banco da praça à viu pela primeira vez, na verdade poderia ter a visto outras vezes mas foi a primeira vez que reparou de fato, muito talvez por ela o estar observando e logo ao notar o encontro de olhares, disfarçar. Foram apenas dois segundos daquelas grandes esmeraldas o encarando, o suficiente para fisgá-lo.

Lembrou de terça, quando fingiu não estar ansioso ao sair do trabalho e sentar no mesmo lugar esperando encontra-lá. Não se decepcionou, lá estava ela, com um belo chapéu fazendo sombra em sua face "monalistica". Observava algumas crianças atirarem pedrinhas na fonte com um sorriso, daquele tipo de sorriso que contagia qualquer um.

Lembrou de quarta, quando decidido a tomar uma atitude, se esvaziou como um balão ao não encontra-lá em seu lugar de costume. Ficou inquieto, justo quando se resolveu ela não estava ali. Passaram-se cinco... dez... quinze minutos, para ele pareciam horas. Ao se levantar cabisbaixo para ir embora à viu chegar. Como já estava em pé foi em sua direção mas já não sabia o que dizer. Ao passar por ela apenas fez uma aceno de cabeça e sorriu. Ela retribuiu cordialmente.

Lembrou de quinta, quando dessa vez ele se atrasou, seu chefe o deixou cuidando de uma papelada extra. Foi correndo, segurando seu chapéu para não voar pra trás, desviando do jornaleiro de gritava na esquina e se desculpando da pobre senhora que quase atropelou. Chegou esbaforido e à viu com um pequeno livro nas mãos, luvas de crochê repousavam sobre seu colo. Decidiu não interrompê-la.

Finalmente lembrou de sexta, quando já havia se acostumado com aquele suspense, já não queria quebrar o encanto, aquela coisa intangível, que existia apenas em sua mente, que já não cabia no seu peito. Novamente ela estava lá, ele também. Novamente decidiu não se pronunciar.

Mas hoje não, não deixaria passar a oportunidade. Sábado era um bom dia, teria tempo de se preparar. Suado de sua corrida tomou um bom banho, bem demorado e relaxante. Penteou o cabelo com esmero, não estabeleceu limites para o uso de sua colônia. Vestiu sua melhor camisa e escolheu a gravata verde, para combinar com os olhos dela. Foi ao barbeiro, pediu para caprichar mas deixar o bigode pra dar aquele charme. Já passara do meio dia quando decidiu ir ao engraxate. Ainda se demorou um pouco pensando no que dizer. Bom a hora tinha chegado.

Quando chegou na praça, que estava com bastante movimento por ser final de semana, sentou em seu banco de costume onde um senhor enrugado lia seu jornal. Olhou pro lugar onde estava. Nunca estivera tão linda, um belo vestido florido, um chapéu de feltro e ainda ostentava lábios bem vermelhos. Suspirou, agora era a hora. Levantou.

...

...

...

Sentou.

Um rapaz com quem ela aparentemente já estava conversando lhe trouxe um sorvete, os dois riam juntos. Ela havia cansado de esperar por ele.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Verdade

O universo ainda nos guarda muitos segredos... a perspicácia humana ainda não é capaz de resolver todos os mistérios: de onde viemos? Para onde vamos? Qual o sentido da vida? Estamos sozinhos no universo?



A busca por essas respostas, ou algo que levasse a humanidade mais próximo disso, foi a mola propulsora para muitos estudiosos que dedicaram a isso toda sua vida, alguns até sendo condenados e perseguidos por suas idéias a frente de seu tempo.

Talvez o ser humano não esteja pronto para encarar de frente esta dita ~verdade~, talvez diante de tamanha sapiência um simples mortal desmoronaria, mas como somos seres vaidosos e arrogantes essa busca incessante continua.

Mentes brilhantes como Copérnico, Galilei, Einstein ajudaram a iluminar a humanidade com suas descobertas mas o que ninguém poderia imaginar é que quem de fato chegaria mais perto de entender os mistérios de todo o universo seria uma figura peculiar do imaginário infantil, amado por uns, odiados por outros, vindo diretamente da Fofolândia, ele: Fofão.



Num guentô o baque.

Mas quem somos nós para julga-lo, provavelmente cairíamos também ao ver o que ele viu.

P.S.: Se Christopher Nolan tivesse colocado o Fofão encontrando com o Matthew McConaughey no buraco de minhoca, Interestelar teria sido 200% melhor.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Sopro de vida.

Era uma tarde ensolarada, mas a cortina estava fechada, deixando entrar pouca luminosidade, preferia assim. A pouca luz que entrava não era suficiente para iluminar os velhos retratos na estante, já empoeirados, assim não precisava encarar o passado.

A estante que ficava no canto também estava cheio de livros. Metade sem ler, outra metade já esquecida. Aprendera que a vida era assim, cheia de coisas que nunca iria usar e outras que iria esquecer. Se sentia assim: esquecido. Havia esquecido de si próprio, tanto que não tinha coragem de encarar um espelho a algum tempo (a conta de quantos havia destruído já estava perdida), qual era mesmo a cor dos seus olhos? Era uma cor já desgastada, com certeza.

A noção de tempo era algo muito peculiar, podia ficar sentado na sua velha poltrona em frente a janela por dias. Não tinha consciência de levantar e ir pra sua cama ou para o banheiro, sabia que o fazia, só não tinha consciência. Os únicos momentos de rara vivacidade era quando tentavam convencê-lo de abrir a cortina, não abria mão de deixá-la fechada, esbravejava, batia o pé... quando tratavam de outros assuntos só balançava a cabeça distraidamente para que o deixassem logo em paz. Parece que havia conseguido, pois havia algum tempo que não se importavam em tentar puxar assunto ou persuadí-lo a abrir a cortina.

Assim passavam-se os dias...

Os dias passavam...

Enquanto passavam, ele ficava...

E um desses dias, o silêncio foi quebrado por uma batida na porta. Já era final de tarde, não havia mais ninguém para abrir a porta, senão ele. Não quis deixar a companhia de sua poltrona. Não houve insistência, provavelmente um engano, ninguém teria motivos para ir até lá. Não ocupou muito sua mente com isso, não até o dia seguinte, quando aconteceu de novo.

No mesmo horário, pois já estava sozinho, estava um pouco curioso, apenas uma batida simples, sem insistência dois dias seguidos e o fato de quem quer que estivesse o incomodando  preferia bater a tocar a campainha, não notará isso da primeira vez, só agora.

Uma terceira vez isso aconteceu, uma quarta, uma quinta... durante uma semana inteira. Não tinha o menor interesse em levantar para atender a porta, mas a essa altura era algo que esperava o dia todo pra acontecer. Não conseguia explicar. Apenas uma batida lhe causava toda uma apreensão, será que vão bater hoje? Por que não insiste? Por que todo dia, no mesmo horário.

Antes nem notava o tempo passar, agora contava os minutos todo dia antes de baterem a sua porta, e depois para que chegasse o outro dia logo. Gostava do suspense, da dúvida e sempre era recompensado com a batida, e o alivio que se seguia após a confirmação do que já sabia que iria acontecer era algo quase tangível.

Duas semanas ininterruptas após a primeira batida algo a diferente aconteceu. Nada aconteceu. Não houve batida alguma. Sentia como se seu próprio coração tivesse parado de bater. Apurou melhor seus ouvidos, talvez tivesse se distraído, talvez tivessem batido muito fraco desta vez, talvez estivessem se atrasado... mas nada realmente aconteceu. Sequer conseguiu dormir aquela noite.

No dia seguinte tinha certeza que tudo voltaria a como foram as duas semana anteriores, provavelmente algum imprevisto no dia anterior havia ocorrido, tudo ficaria bem hoje, era só esperar, a batida viria, era só o que queria, era só o que pensava. Mais um dia de silêncio.

Agora estava determinado, caso voltassem a bater na sua porta hoje, ele iria abrir, era uma promessa na verdade. Começou a se preparar, ficou o tempo todo esticando as pernas, agarrava com força os braços da poltrona para ter a agilidade para se levantar e ir o mais rápido que seu velho corpo lhe permitiria para atender a porta. Já estava sozinho, a tarde já se encaminhava para o seu fim, a qualquer instante...

Toc, toc.

Com algum esforço se levantou, apoiando-se na estante atravessou a salinha e chegou ao hall de entrada, teve certeza de ouvir passos se afastando, não podia perder esta chance. Sua respiração estava pesada, talvez não chegasse a tempo. Finalmente colocou a mão em sua maçaneta, hesitou. Já não ouvia mais nada, perderá sua chance, o medo natural de encarar o mundo real de novo misturado a sua clara derrota o fizeram baixar a cabeça e encostá-la na porta. Olhando pra baixo viu um papel.

Alguém havia jogado por de baixo da porta. O esforço pra se abaixar e pegar o papel foi imenso, quase não conseguiu se reerguer. Ofegando muito, já com o papel em mãos, abriu-o:

"Abra a janela"

Aquelas três palavras mexeram com ele de tal modo que não conseguia explicar. Com o dobro do esforço voltou a sala e parou em frente a janela, novamente hesitou. Recuperou um pouco do fôlego e colocou a mão na cortina, não sabia mais no que pensar, puxou.

Um lindo dia era emoldurado pela sua janela, um pôr do sol banhava todas as casas da vizinhança, crianças corriam pela rua com suas bolas e pipas, outra chorava ao ver seu sorvete espatifado na calçada, um jovem casal se beijava ao pé um uma árvore que tinha suas folhas balançadas pelo vento. Via as folhas balançarem. Sentia as folhas balançarem. Sentia a brisa em seu rosto ao mesmo tempo que perdia o equilíbrio  e caía de costa no chão.

No dia seguinte foi encontrado morto na sala. Sentado na poltrona, com a janela fechada e um sorriso no rosto.

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